Permafrost, essa camada do solo permanentemente gelado, é também a membrana que reveste a jovem mulher que narra, na primeira pessoa, as suas dúvidas, a pressão das expectativas criadas por uma mãe controladora e por uma irmã conformista, e a descoberta da sua sexualidade. Todo este remoinho de sentimentos, que a fazem sentir-se incompreendida, ora a empurram para pensamentos suicidas, ora para uma entrega intensa ao sexo, à literatura e à arte, numa espécie de fuga em que a liberdade feminina nunca deixa de ser reivindicada.
Longe de nos apresentar um bloco de texto frio, asséptico ou exânime, a estreia de Eva Baltasar na ficção combina, com acerto, um sentido de humor áspero e inclemente com detalhes perturbadores que, paulatinamente, se vão apoderando de uma trama repleta de imagens sensuais e vigorosas, poéticas e contundentes.
O último dia da Terranova, de Manuel Rivas, e Sete Casas em França, de Bernardo Atxaga, inauguraram Confluências, uma colecção que pretende ser um abraço entre línguas, uma fantasia editorial que pretende mostrar – em português e em espanhol – obras em destaque da literatura escrita nas diversas línguas faladas na Península Ibérica e na América Latina.